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sábado, 17 de janeiro de 2015

Rússia-OTAN: Fronteiras mais quentes que nos tempos da Guerra Fria (I)




viernes, 09 de enero de 2015
09 de enero de 2015, 02:26Moscou (Prensa Latina) A presença permanente de forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em países fronteiriços com a Rússia são uma ameaça para o Kremlin, a que não existiu nem nos piores tempos da chamada Guerra Fria.
O golpe de estado de 22 de fevereiro de 2014 na Ucrânia e a oposição vertical de Moscou serviu como pretexto ao bloco ocidental para deslocar milhares de soldados e poderosos meios navais e aéreos nas ex-repúblicas soviéticas da Estônia, Letônia e Lituânia, no Báltico.

A nova ameaça contra a segurança do gigante euroasiático se soma aos destacamentos colocados nos últimos anos em outros territórios próximos que foram parte do Tratado de Varsóvia, como Polônia, Romênia, Bulgária e República Checa, mais ao sul.

No leste, a vizinha Ucrânia mediante um decreto assinado por seu atual presidente, Petro Poroshenko, eliminou sua condição de país não alinhado assumida em 2010 e, através de uma lei, proclamou a decisão de iniciar o caminho para o bloco do Atlântico Norte.

Diante desta nova ameaça, a reação da Rússia não demorou. O vice-ministro de Defesa Anatoli Antónov advertiu que a adesão da Ucrânia à OTAN poderá provocar a ruptura total das relações entre a Rússia e a aliança militar ocidental.

Ao se referir à derrubada por Kiev da condição de país não alinhado com a aprovação de um projeto de lei proposto pelo presidente Poroshenko, o vice-titular esclareceu que pelo momento essa decisão não ameaça a segurança russa.

Citado pelo portal multimídia Sputnik, Antónov explicou que nesse momento a decisão é política, mas afirmou que se a incorporação ao bloco chegar a se produzir, esse passo adquirirá caráter militar e então suporá a ruptura completa com a Aliança.

DEPOIS DO GOLPE DE ESTADO NA UCRÂNCIA

A ruptura constitucional em Kiev levou a República Autônoma da Criméia e a cidade de Sebastópol, sede da Frota da Rússia no Mar Negro, a realizar um referendo em 16 de março, no qual 96,77% dos eleitores (83% de todos os inscritos) respaldaram a reunificação com o estado eurasiático.

A Criméia foi parte da Rússia entre 1783 e 1954, quando por decisão do Partido Comunista da União Soviética foi colocada sob a jurisdição da República Socialista Soviética da Ucrânia.

O respaldo de Moscou à decisão dos criméios provocou uma maior deterioração das relações entre Moscou e a OTAN, já afetados pela crescente presença das forças e meios bélicos de Washington na Europa do Leste.

Infrutiferamente, Moscou exige desde 2007 garantias jurídicas de cumprimento obrigatório de que o sistema de defesa antimísseis (DAM) do Pentágono no chamado Velho Continente não aponte contra o sistema de dissuasão nuclear do Kremlin.

Até o momento, só tem recebido vãs promessas verbais.

Neste contexto, o vice-ministro de Defesa Yuri Borisov reiterou que a Rússia avança em trabalhos de pesquisa e desenvolvimento para pôr em disposição combativa uma resposta ao programa estratégico estadunidense denominado Rápido Ataque Global (PGS, em inglês).

Borisov disse em entrevista à rádio russa que essas tarefas decorrem no contexto das ameaças em potencial associadas às atividades do PGS com o emprego de tecnologias hipersônicas por parte do Pentágono.

Fontes militares russas confirmaram que desenvolvem um míssil pesado hipersônico, ao que denominam Zircon, do qual só se conhece que está desenhado para ser instalado em submarinos multifuncionais e navios de superfície.

Hierarcas do sistema defensivo russo mencionam este foguete pesado como uma arma única e que Washington não dispõe, mas mantêm em segredo sua velocidade e outras características.

Os trabalhos de criação deste novo projétil pesado se desenvolvem em estrita conformidade com o plano estabelecido, enquanto continua o fornecimento ativo de foguetes estratégicos baseados em plataformas terrestres do tipo Yars e os localizados em submarinos, que podem ser disparados sem deter a navegação, nomeados Bulava.

O projeto estadunidense PGS tem como objetivo criar um sistema de armas ofensivas capaz de atacar qualquer ponto da Terra em uma margem de 30 minutos após a tomada dessa decisão.

Os especialistas russos apontam que este programa inclui a fabricação de foguetes balísticos intercontinentais modificados, cruzeiros hipersônicos e em geral arsenais baseados em novos princípios físicos.

Durante 2014, de maneira reiterada, a Rússia testou exitosamente diversos tipos de mísseis intercontinentais de localização terrestre e naval, que atingiram objetivos cerca de 10 mil metros, e deu mostras do poderío de sua aviação estratégica de alcance remoto.

Igualmente, manteve a prática da realização de manobras com diferentes agrupamentos de tropas permanentes e convocadas por surpresa.

O presidente Vladimir Putin reiterou que os efetivos estratégicos nucleares seguirão tendo respaldo prioritário no futuro para serem capazes de superar qualquer sistema de defesa antimísseis, tanto atual como perspectivo.

De acordo com esta indicação, o ministro de Finanças da Rússia, Antón Siluanov, apresentou no Senado um anteprojeto de orçamento que para 2014 e o biênio 2015-2016 previu aumentar os gastos de defesa em mais de 18%.

Para 2014, a área de defensa compreendeu um gasto em rublos equivalente a 40 bilhões 113 milhões de dólares, 18,4 pontos porcentuais a mais que em 2013, segundo um relatório do Comitê de Defesa da Duma estatal (câmara baixa parlamentar).

A proposta para 2014 em matéria de gastos em defesa representou 17,8% com respeito a todo o orçamento, e pese às dificuldades econômicas do país deve crescer para 19,7% em 2015 e chegar até 20,6% em 2016, informou-se.

Para preservar a paridade dissuasória nuclear com os Estados Unidos e seus aliados da OTAN, Moscou fará um aumento de 58% no triênio.

Este aumento corresponde ao programa esboçado pelo presidente Putin na Reunião Internacional de Segurança de Munich, em 2007, onde advertiu que a Rússia iniciaria um rearmamento frente a expansão da OTAN nas proximidades de suas fronteiras.

O presidente alertou então contra o perigo que a Rússia enxergava no sistema de defesa antimísseis dos Estados Unidos na Europa, e advertiu que se não recebesse garantias jurídicas de cumprimento obrigatório de que não apontavam contra Moscou, daria uma resposta adequada.

A ausência dessa resposta e a continuidade da expansão das forças da OTAN para o leste europeu estimularam a elaboração de um plano de modernização das Forças Armadas até 2020.

Como parte desse programa, a Rússia já se igualou aos Estados Unidos na criação de armamento hipersônico, segundo assegurou em entrevista na televisão o vice-primeiro- ministro Dmitri Rogozin, supervisor do governo da indústria nacional de defesa.

O aumento das ameaças do Atlântico do Norte no Mar Negro e no Báltico, e a presença na Ucrânia como a do presidente Poroshenko, quem insiste em estabelecer uma nova aliança militar com os Estados Unidos e a OTAN, mostram o caminho imposto ao Kremlin.

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