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terça-feira, 21 de outubro de 2014

Pólo euro-asiático configura novo centro econômico

Escrito por Camila Carduz

Moscou (Prensa Latina) A futura União Econômica Euro-asiática (UEE) em poucos meses se converterá no maior mercado de bens e serviços da Comunidade de Estados Independentes (CEI) e em importante pólo econômico.
Depois da União Europeia, a UEE é o segundo bloco regional, com três das economias mais forte: Rússia, Bielorrússia e Cazaquistão, mais um quarto sócio recente,a Armênia.

O espaço euro-asiático, considerado o patamar superior do processo de integração na CEI desde a década de 1990, entrará em pleno vigor em 1 de janeiro de 2015.

Durante a recém realizada cúpula de chefes de Estado da CEI -10 países- em Minsk, a chamada deu um apoio inequívoco à formação de um centro de influência econômica global.

Os presidentes Vladimir Putin, Alexander Lukashenko e Nursultán Nazarbáev assinaram a entrada da Armênia à União Alfandegária e ao Espaço Único Econômico, como mecanismos necessários de integração escalonada, a um mercado comum de bens, serviços e de força de trabalho.

Para alguns analistas, a adesão de Ereván ao formato natural da CEI, significa uma vitória geopolítica da Rússia.

Durante quatro anos, a Armênia negociou um acordo de associação comercial com a União Europeia, na mesma onda na qual se moveram Moldova e Ucrânia, dentro do formato da chamada Associação Oriental.

Sem espaço para especulação, o presidente armênio Serzh Sargsyan se retirou da cúpula de Vilnius em novembro do 2013, depois de anunciar o rumo de seu país para laços mais estreitos com seus vizinhos da CEI.

Em Minsk, Sargsyan disse perante seus sócios que a opção de seu país de participação da UEE se sustenta no formato previsível e vantajoso que essa estrutura regional oferece para as relações entre nossos estados, baseadas nos princípios de livre circulação de mercadorias, serviços, capital e força de trabalho.

O governante disse que o nascimento da UEE marca uma meta na integração regional comunitária e expressou estar consciente da responsabilidade que assumem como primeiro estado incorporado a esse projeto.

É um acontecimento significativo, devido a que pela primeira vez a UEE se amplia, manifestou o mandatário cazaque, Nursultán Nazarbáev, ao saludar a incorporação de Ereván.

Agregou que todas as controvérsias ao redor da entrada da Armênia foram resolvidas, principalmente no que se refere aos limites de sua fronteira, ao parecer associado à disputa com Azerbaijão por Nagorny-Karabaj.

NOTAS DISCORDANTES: A OPÇÃO EUROPEIA DE MOLDÁVIA, GEORGIA E UCRÂNIA

Quase antonomásia para as leis da natureza, o espaço pós-soviético tem sido um laboratório aberto de interação das forças centrífugas e centrípetas no processo de integração.

Assim, simultaneamente aos mecanismos criados na última década como a CEI, algumas ex-repúblicas soviéticas como a Georgia -saída em 2009-, a Moldóvia e a Ucrânia miraram a bússola para a Europa.

As três nações assinaram um acordo comercial com o bloco dos 28 durante a cúpula comunitária realizada no final de junho. Nessa ocasião, Kiev só assinou a parte econômica do tratado, pois a política tinha sido assinada em março deste ano.

Na cúpula de Minsk, o presidente moldavo, Nikolae Timofti, condenou a Rússia pelo pacote de medidas protecionistas implementadas que, segundo ele, restringem o acesso ao mercado russo das mercadorias de seu país.

Segundo o presidente Putin, a origem dos problemas não foram as medidas protecionistas de Moscou, mas a falta de visão dos riscos que representaria, para as economias de todos os sócios, uma zona de livre comércio com outros grupos fora desse espaço comum.

Nunca fomos contrários a uma aproximação com a UE, de fato nós mesmos queremos nos aproximar, o assunto passa pelas condições de nossa cooperação, expôs o governante russo, ao responder a seu homólogo moldavo.

Putin mostrou em cifras como se contraiu o intercâmbio comercial dentro da CEI no primeiro semestre de 2014 (9,0% até os 111 bilhões de dólares), tendência que associou a causas externas e à reorientação de alguns membros para outros mercados.

As cifras se explicam - apontou - não só pela conjuntura externa desfavorável, mas como efeito de uma mudança nas prioridades econômicas de alguns sócios da CEI.

Comparativamente, o saldo comercial no primeiro semestre de 2013 foi de 123 bilhões de dólares e ao fechamento de ano totalizou cerca de 235 bilhões de dólares.

Antes das restrições aplicadas pela Rússia em resposta a sanções da Europa, o mercado russo recebia 80% de frutas e hortaliças vindas da Moldávia.

Isto poderia não ter acontecido se tivessem considerado os interesses russos, afirmou o mandatário.

Por enquanto, Moscou conseguiu que a implementação do acordo de associação da Ucrânia com o bloco da UE fosse adiada para 31 de dezembro de 2015.

Em relação à situação da Ucrânia como membro, apesar das declarações escandalosas de ruptura feitas por alguns políticos, Kiev não oficializou sua saída do esquema, surgido depois da desintegração da União Soviética.

UNIÃO ECONÔMICA EURO-ASIÁTICA: UM NOVO CENTRO ECONÔMICO

O processo de integração econômica no espaço pós-soviético percorreu várias etapas desde o final dos anos 90 do passado século, mas foi quase no limiar do século XXI que os mecanismos intrarregionais ganharam vigor, depois do impulso à União Alfandegária e do Espaço Único Econômico.

Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia e Tajiquistão assinaram o protocolo correspondente em 26 de fevereiro de 1999.

No ano 2000, começou a funcionar a Comunidade Econômica Euro-asiática, considerada a premissa fundacional da União Econômica Euro-asiática (UEE). Em 2010, começou a União Alfandegária entre Minsk, Moscou e Astana, seguida da criação em 2012 de um espaço único alfandegário.

E sobre esse fundamento se levantará a UEE em 1 de janeiro de 2015, como a locomotiva de um grande polo econômico nesta parte do planeta, com uma população superior aos 170 milhões de habitantes e um território de 20 milhões de quilômetros quadrados, sem contar a Armênia.

Abarcará também um produto interno global de quase 2,7 trilhões de dólares.

Com esses projetos de integração, ganham em primeiro lugar as pequenas economias e os mercados se enriquecem com uma variedade de produtos e qualidade, sustentou Tatiana Valovaya, ministra de integração e macroeconomia da Comissão Econômica Euro-asiática.

Citou como exemplo que, como resultado do levantamento dos impostos de exportação, o custo do gás russo para a Armênia caiu em 30%.

De maneira progressiva no espaço da UEE surgirá uma pasta comum de hidrocarbonetos e derivados de petróleo, um mercado comum de serviços, de eletricidade, transporte, medicamentos e livre circulação de força de trabalho.

Pode ser que, antes do fim do ano, a União se amplie a cinco países com a entrada do Quirguistão, que negocia uma folha de rota desde 2013, durante a cúpula que Moscou acolherá em dezembro.

O interesse de sócios de outras regiões como Índia, Vietnã e Egito em uma zona de livre comércio, e as forças centrípetas favoráveis à integração compõe o perfil sem dúvida da União Euro-asiática como um polo econômico forte nesta parte do mundo.

*Correspondente em chefe da Prensa Latina na Rússia.

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