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terça-feira, 20 de maio de 2014

Estados Unidos incrementa pressões militares contra Rússia


Roberto García Hernández *
Havana (Prensa Latina) Estados Unidos realiza vários exercícios militares de grande envergadura na Europa e outras regiões, ao menos um deles com seus agrupamentos nucleares, como parte das pressões contra Rússia depois do agravamento da crise em Ucrânia.

O Comando Estratégico (CE) do Pentágono, cuja chefatura está em Offut, estado de Nebraska, leva a cabo desde 12 até 16 de maio as manobras Global Lightning 2014 (Relâmpago Global), com a participação de duas dezenas de bombardeiros estratégicos BÂ52 e BÂ2, capazes de portar armas atômicas.

De acordo com meios de imprensa estadunidenses, o resto dos componentes de suas unidades nucleares em toda a órbita cumprem algumas dinâmicas em interesse do evento.

"Este exercício proporciona oportunidades únicas para incorporar as tecnologias mais recentes em
apoio às missões de nossas forças com o fim de contra rastrear ameaças atuais e futuras ao Estados Unidos e nossos aliados", declarou o chefe do CE, almirante Cecil Haney.

Segundo o anúncio oficial, o objetivo é "demonstrar a flexibilidade e capacidade de resposta", ainda que o comando castrense esforça-se em declarar que as manobras não têm nenhuma relação com acontecimentos da "vida real".

No entanto, sua realização coincide com outras atividades similares de grande envergadura do Pentágono.

Outro anúncio oficial do Departamento de Defesa assinalou que em 15 de maio começariam em território europeu as manobras Combined Resolve II, (Resolução Combinada) com a participação de mais de quatro mil militares de 13 países, entre eles Rumania, Bulgária, Georgia e Lituânia.

O tenente coronel Carter Price, porta-voz das unidades de cavalaria com sede em Fort Hood, estado de Texas, que participam nas manobras, disse que "esta é uma forma de duplicar nossas capacidades na área com vista a reagir diante qualquer contingencia, quando seja necessário", em alusão à crise ucraniana.

Os exercícios Combined Resolve incluem ações com o uso de fogo real, o que complica a situação diante a possibilidade de qualquer incidente com as unidades russas que protegem as fronteiras terrestres e marítimas dessa nação euroasiática, opinam experientes.

Sua realização tem lugar em momentos em que "os aliados de Washington estão nervosos" frente à resposta do Kremlin ao golpe de estado em Ucrânia que derrocou o presidente Viktor Yanukóvich, e em particular após a adesão da Criméia a Rússia, assinala um artigo publicado em 12 de maio no diário Stars and Stripes. Como parte destas intenções de Washington para incrementar as pressões contra Rússia, as Forças de Operações Especiais (FOE) estadunidenses começaram um Treinamento de Intercâmbio Conjunto e Combinado (EICC), que durará ao menos até julho próximo, em cinco nações de Europa do Leste.

O EICC tem como objetivo reforçar as ações dos Boinas Verdes do Exército, os Seals da Marinha e outros elementos que integram ditas unidades elites do Pentágono.

Também, outros agrupamentos das FOE realizarão no final de maio o exercício Flaming Sword 2014 em Letônia, no que participarão sete nações e estará destinado a familiarizar as tropas com suas homólogas locais.

Unidades alocadas ao Comando Europeu das FOE (Soceur), com sede em Stuttgart, Alemanha, iniciaram em 7 de maio exercício Spring Storm em Estônia, como parte do plano para manter uma presença persistente na zona, assinala uma nota de imprensa do Pentágono.

Segundo um porta-voz de Soceur "sempre temos feito este tipo de exercícios, mas o que há de novo é que estas unidades agora estarão ali de forma ininterrupta" como resposta à posição da Rússia com respeito ao conflito em Ucrânia.

No final de abril passado, Estados Unidos enviou a Letônia, Lituânia e Estônia uns 600 para-quedistas da 173 Brigada Aerotransportada, com sede em Vincenza, Itália, para participar em exercícios bélicos.

O Pentágono despregou, também, 18 aviões caça FA16 na base de Lask, na Polônia desde Spangdahlem, Alemanha, com o objetivo de participar em manobras militares conjuntas e combinadas Baltops, no mar Báltico.

Nas últimas semanas, o comando militar estadunidense também enviou aviões de combate FA15 e aeronaves cisterna KCA135 para incrementar as missões de patrulha nas cercanias das fronteiras de nações de Europa Oriental com Rússia.

Desde finais de abril, o presidente de Estados Unidos, Barack Obama, enfrenta fortes pressões de grupos conservadores que exigem uma postura mais agressiva contra Moscou diante o agravamento da crise na Ucrânia.

Os republicanos no Congresso pedem ao presidente acione concretas para implementar a estratégia subversiva de Washington e seus aliados ocidentais em apoio às autoridades estabelecidas em Kiev, depois do golpe de estado de fevereiro.

Para a senadora republicana Kelly Ayotte, as medidas punitivas da Casa Branca contra Moscou, depois da adesão de Crimeia a Rússia, "resultam insuficientes" e não produzem os efeitos desejados.

Por sua vez, seu correligionário Luke Messer, membro do Comitê de Relações Exteriores da Câmera de Representantes, sugeriu que Washington deve ser preparado para enviar ajuda militar a Ucrânia, incluindo armas antitanques.

Os aliados europeus preferem não impor medidas punitivas de grande envergadura no plano financeiro, pois temem que Rússia interrompa o fluxo de gás natural a seus respectivos países ou que ditas represálias molestem aos empresários russos que vivem e gastam seus capitais em bancos europeus, assinala um artigo recente do diário The Hill.

O debate sobre a crise ucraniana também atinge o Pentágono, em particular ao chefe das tropas estadunidenses na Europa, general Philip Breedlove, que é partidário de elevar a níveis sem precedentes a presença militar no Velho Continente.

De acordo com um comentário do lugar digital The Daily Beast, a atitude do general rebate as expectativas de Obama e do secretário de Defesa, Charles Hagel, que preferem o envio limitado de tropas a esse teatro de operações.

A publicação dimensiona que alguns membros do Congresso, seus assessores e servidores públicos do Pentágono disseram que Breedlove propõe em um encontro com os legisladores, um intercâmbio mais extenso de informação de inteligência com o governo de Kiev a respeito dos planos e movimentos das forças armadas russas.

Em tanto, Hagel intensificou nas últimas semanas os contatos com seus aliados da Europa do Leste diante o que porta-vozes de seu despacho qualificaram como a "ameaça" da presença de tropas russas na fronteira este e sul de Ucrânia.

*Jornalista da redação estadunidense da Prensa Latina.


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