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terça-feira, 17 de julho de 2012

Paraguai: Pastoral Social Nacional se manifesta contra o golpe de Estado e reforça papel da Igreja no auxílio aos camponeses

 



 

Natasha Pitts


Contrariando o posicionamento do Vaticano - um dos primeiros a reconhecer e apoiar o governo de Federico Franco - a Pastoral Social Nacional do Paraguai se colocou contra o golpe de Estado, que no final do mês de junho retirou Fernando Lugo do poder. Por meio de comunicado, os coordenadores diocesanos da Pastoral Social reafirmam sua opção em favor da população mais carente e pedem que os bispos da Igreja Católica retifiquem seu posicionamento.
A Pastoral Social se une à voz de diferentes setores da Igreja Católica paraguaia, como a Conferência de Religiosos e Religiosas, grupos de sacerdotes de base, ordens religiosas (jesuítas, dominicanas) e entidades católicas para mostrar total reprovação com o golpe de Estado e a quebra da ordem democrática no país.
Em comunicado voltado aos membros da Comissão Episcopal da Pastoral Social, os coordenadores diocesanos e o Secretariado Nacional da Pastoral Social, fieis a sua missão e ao mandato evangélico de opção preferencial pelos pobres, manifestam que está claro que a destituição de Fernando Lugo faz parte do processo golpista iniciado desde a chegada deste mandatário ao poder, em 2008.
"Depois de 24 tentativas de impeachment, materializado com a destituição de um presidente eleito por ampla maioria, se dá um julgamento político simulado por causas totalmente alheias ao que causa um julgamento sério, como por exemplo a paternidade do presidente Lugo, a questão ideológica, a amizade de Lugo com os Sem Terra, etc; o acontecido foi um golpe de Estado e um duro revés ao processo democrático paraguaio”, lastimam.
O comunicado levanta ainda a possibilidade de que o acontecido em Curuguaty tenham sido "uma montagem dos políticos representantes dos grupos de poder”, que se utilizaram do fato para justificar o golpe. Assim, o massacre em Curuguaty foi um oportunismo político de setores que apenas há algumas semanas haviam negado o mesmo julgamento para integrantes da Corte Suprema de Justiça, que por meio do Tribunal Superior Eleitoral se articularam para derramar cerca de 50 milhões de dólares nas mãos de operadores políticos.
Os coordenadores diocesanos e o Secretariado Nacional da Pastoral lamentam que o posicionamento de alguns bispos da Comissão Episcopal Paraguaia (CEP) de apoiar o governo de Federico Franco, mesmo diante destes fatos, tenha sido utilizado por parlamentares para generalizar e dizer que a Igreja Católica apoiava a destituição de Fernando Lugo.
O comunicado esclarece que a decisão de alguns membros da CEP de solicitar ao presidente sua renúncia causou decepção, dor, surpresa e confusão nos fieis e na população paraguaia, em especial na população mais humildade, e que a partir disso, os setores mais populares começaram a enxergar tal postura como um distanciamento da Igreja dos mais pobres e excluídos.
"Portanto, com amor filial e em espírito de comunhão, solicitamos que os bispos façam uma declaração que retifique a visão que a Igreja de Jesus Cristo tem dado ao povo paraguaio e ao mundo nestes acontecimentos e, dessa maneira, reafirmar seu compromisso de pastores com os mais humildes e desprotegidos”, pedem.
Além disso, a Pastoral Social reforça que a Igreja pode agir no sentido de ofertar atenção aos campesinos e campesinas afetados pelo massacre de Curuguaty. O comunicado aponta que no momento a Igreja pode: fazer um acompanhamento institucional atendendo humana e juridicamente aos feridos, aos que estão presos e a suas famílias; solicitar às autoridades que outorguem o acesso imediato à terra própria dos campesinos de Curuguaty afetados pela tragédia; exigir a elucidação dos fatos; e trabalhar pela concretização da Reforma Agrária no país.

Adital

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