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sexta-feira, 15 de junho de 2012

Sarkozy: da cadeira presidencial para a cela

 


Alexandra Dibizheva, Polina Tchernitsa
 
Sarkozy: da cadeira presidencial para a cela
Foto: EPA

O ex-chefe de Estado de França, Nicolas Sarkozy, corre o risco de ser alvo de vários processos judiciais, podendo ser declarado culpado de receber muitos milhões de euros em subornos para contratos militares e de a sua campanha eleitoral ter sido financiada ilegalmente. Sarkozy pode ser condenado até 5 anos de prisão.

O próprio Sarkozy nega todas as acusações e, entretanto, a sua imunidade presidencial expira hoje, dia 15 de junho.
O principal processo  que o ex-presidente terá de enfrentar será o financiamento ilegal da sua campanha eleitoral por Liliane Bettencourt. Alegadamente, em 2007, a herdeira do gigante cosmético L’Oréal e a mulher mais rica de França mandou transferir para a Suíça somas avultadas para fugir aos impostos, das quais parte, segundo a versão da acusação, ficaram nas contas bancárias da campanha de Sarkozy.
Outro processo é o chamado carachigate. Em meados dos anos 90, a França forneceu ao Paquistão submarinos Agosta e por isso, segundo a prática então em vigor, funcionários paquistaneses receberam comissões.
A seguir, no entanto, aconteceu outro pagamento, este ilegal, segundo a acusação. Alegadamente, parte dessa contribuição foi para o financiamento da campanha eleitoral do então primeiro-ministro Edouard Balladur. A campanha era chefiada por Nicolas Sarkozy, que na altura ocupava o posto de ministro do Orçamento. Balladur perdeu para Chirac, que depois da chegada ao poder proibiu a prática de pagamento de comissões nos contratos militares. Depois disso, em Carachi, em uma explosão morreram 11 engenheiros franceses que trabalhavam na construção dos ditos submarinos. Assim, Sarkozy pode vir a ser acusado não só de participação em esquemas de corrupção, mas também de envolvimento na morte de 11 cidadãos franceses.
As probabilidades de isso ocorrer são bastante grandes, apesar de não haver quase indícios diretos contra Sarkozy, esclarece Iuri Rubinski, diretor do Centro de Estudos Franceses do Instituto da Europa da Academia das Ciências da Rússia:
"Tal como no primeiro caso, não há provas substanciais. Por enquanto, o ex-presidente é chamado a depôr como testemunha e não como acusado, mas se encontrarem alguma coisa, então haverá processo. O exemplo de Chirac, que foi condenado a dois anos, já diz muito. Um chefe de Estado está na mira da Justiça e, se depois de terminado o mandato, a sua imunidade termina, ele torna-se num cidadão comum. Quanto a Sarkozy, aqui não haverá lugar a vinganças ou a tentativas de impedir o seu regresso à vida política, eu acho que as acusações terão em vista apenas o esclarecimento dos fatos."
O exemplo de Chirac, que o tribunal reconheceu como culpado da prática de corrupção, não foi totalmente correto, na opinião de outros peritos. Ele acabou por ter a pena suspensa. A prática política em França demonstra que Sarkozy, provavelmente, conseguirá evitar os processos judiciais, na opinião de Kira Zueva, especialista senior do Instituto de Economia Mundial e Relações Internacionais:
"A prática desse tipo de acusações resume-se principalmente à acusação. É pouco provável que Sarkozy seja condenado a uma pena de prisão, apesar da gravidade das acusações. Trata-se de um político bastante astuto que conseguirá de alguma maneira justificar-se nesta situação. Parece-me que o caso não irá para além de conversas e críticas."

ruvr.ru

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