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quinta-feira, 7 de junho de 2012

Privataria Tucana: "O caminho foi investigar o percurso do dinheiro"

 
O jornalista e escritor Amaury Ribeiro Jr., autor do livro Privataria Tucana, afirma que resolveu investigar para comprovar as denúncias de que havia corrupção em todo o processo de privatizações de FHC

Luiz Felipe Albuquerque,
de São Paulo (SP)


Após a publicação, Amaury Ribeiro Jr. percorreu todo o país ao ser convidado a participar de debates, fóruns e palestras para compartilhar todo o processo que resultou no livro A Privataria Tucana. Em entrevista ao Brasil de Fato, o autor fala sobre o significado do livro, como se deram as investigações, e a repercussão que teve.
Brasil de Fato – Por que você resolveu escrever o livro?
Amaury Ribeiro Jr. – Quando começou a surgir na imprensa na década de 2000, tinha-se a suspeita de que havia propina nos processos de privatização e que foram bancados pela corrupção. Sempre apontou isso. Era uma coisa que era errada desde o início e resolvi investigar para comprovar as primeiras denúncias de que existia propina, corrupção dentro de todo esse processo.
E como se deu esse processo de investigação?
Foi basicamente levantamento de documentos em cartórios, juntas comerciais e em paraísos fiscais. O caminho foi investigar o percurso do dinheiro. Investigar como as pessoas e empresas envolvidas se enriqueceram dentro do processo das privatizações.
O que esse livro representa?
Quando lancei o livro achava que não representava muita coisa. Só depois é que fui ver a força. Virou uma bandeira das pessoas que sofreram com todo esse processo de privatização. Muita gente enlouqueceu, ficou doida. Muitas pessoas – funcionários dessas empresas estatais – que eram obrigadas a entrar nesses planos de demissão voluntária. Em cada história, em cada estado que viajei de norte a sul, via uma história de tragédia e o tanto que essas privatizações fizeram mal para a elas. Tenho visto que o livro tem se tornado um consolo, uma bandeira para essas pessoas.
Como você vê o significado político do conteúdo do livro?
Politicamente demonstra que o modelo deles, o neoliberal, que ocorreu em toda a América Latina é errado. É um modelo que nasceu falido e que só serviu para enriquecer gente. Vejam só: eles queriam privatizar o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e a Petrobrás. Hoje esses dois bancos fazem um papel importante, demonstram a importância de se ter um banco estatal forte, baixando as taxas de juros.
E como foi esse processo de divulgação do livro?
Conheci muito mais o livro depois da publicação, porque em cada estado víamos uma situação, uma história de sofrimento dessas pessoas vítimas da privatização. O que me chamou atenção foi ouvir histórias de quem sofreu com isso. Quando se fala sobre um assunto desses parece que é questão só de macroeconomia, mas não é. Não é só uma política de governo, afetou a vida das pessoas, é uma coisa muito mais ampla que tem a ver com o dia a dia das pessoas.
E o que se espera com o livro?
Esperamos que os mesmo erros não se repitam. Que sirva de lição para que o país caminhe para frente e não se inspire nesse modelo. Tem setores da imprensa que se beneficiaram desse processo e que até hoje sonham com o retorno desse modelo neoliberal dos tucanos. Mas acho que o livro serviu para enterrar de vez esse projeto e mostrar o que era a verdadeira política econômica do PSDB.
Fale um pouco sobre o próximo livro que está escrevendo, A Privataria Tucana II.
Ainda estamos olhando os documentos, temos que analisá-los para concluir, mas chegaremos lá. Estamos trabalhando outros meios também, como que a imprensa e outros setores também se beneficiaram disso. Por que a imprensa toda apoia esse modelo? Porque se beneficiou. Mas estamos na busca de documentos, porque precisa estar muito embasado para escrever um livro desses.

Brasil de Fato

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