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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Silêncio é a nova quebra de decoro de Demóstenes

                                                   
Silêncio é a nova quebra de decoro de Demóstenes Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

Um parlamentar que não parlamenta (fala, conversa, debate, ataca, defende, propõe) demonstra total desprezo por sua atividade; essa foi a postura, na manhã de hoje, diante da CPI do Cachoeira, de Demóstenes Torres; ele está à altura de seu mandato de senador da República?


         
 O senador Demóstenes Torres demonstrou na sessão da CPI do Cachoeira, nesta quinta 30, que lhe falta decoro parlamentar. Afinal, ainda na condição de senador da República, um dos três representante de Goiás na chamada Câmara Alta, a postura de se recusar, exatamente, a parlamentar (falar, debater, discutir, expor fatos e argumentos, trocar idéias), mantendo-se em silêncio diante dos integrantes da CPI, indicou todo o seu desprezo pelo espírito franco e democrático do Congresso e a própria atividade para a qual foi eleito.
Demóstenes, sim, fala, mas apenas quando convém, o que aconteceu por quase cinco horas, ontem, na Comissão de Ética do Senado. Neste ambiente que considerou mais amistoso, exclusivamente entre seus pares, o senador voltou a mostrar os lampejos da antiga postura enfática e assertiva. Chegou, claramente para emocionar, a dizer que voltara a acreditar em Deus, e confessou que, até então, agira muito mais pautado pela "política dos homens". Quase deu dó. Ele citou várias vezes, contrito, a sua família, colocando na roda mais uma instituição cara a todos. Por momentos, ao citar passagens do inquérito da PF, Demóstenes conseguiu, tecnicamente, passar a impressão de que estava mesmo disposto a enfrentar de cabeça erguida, em todos os foros, as provas e acusações existentes contra si. Mas bastaram 24 hora para essa farsa cair.
Diante dos integrantes da CPI, melhor informados sobre o inquérito da Operação Monte Carlo, da PF e, portanto, em condições de fazerem perguntas mais duras sobre sua destacada posição junto a Carlinhos Cachoeira, Demóstenes optou "pela faculdade" de ficar calado que a Constituição garante a todos os cidadãos.
O mutismo de Demóstenes irritou, em especial, o deputado Silvio Costa (PTB-PE). "O seu silêncio escreve em letras garrafais que 'eu, Demóstenes Torres, sou integrante da quadrilha de Carlinhos Cachoeira'", afirmou Costa. "O senhor não vai para o céu, que não é lugar para mentirosos, para hipócritas. O senhor é um ex-senador, esse silêncio vai fazer com que o senhor seja cassado por 80 votos no Senado". Costa foi interrompido pelo senador Pedro Taques (PDT-MT), que apontou o artigo da Constituição que barra a humilhação a pessoas. Diante do bate-boca que se criou, o senador Vital do Rego (PMDB-PB) liberou Demóstes e liberou a sessão. Com a estratégia de ficar calado, a verdade é que o senador saiu da CPI derrotado.

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